terça-feira, 5 de julho de 2016

Intimidade X Religiosiade

Intimidade  X  Religiosidade.


No campo da expressão da fé  dois termos: intimidade e religiosidade. Podem até vim acompanhados de sentimento de amor e devoção, mas eles podem diferenciar muito na prática . E esse fato pode ser observado desde o inicio da criação através do primeiro casal, Adão e Eva . 
Na criação Adão e Eva, por serem os primeiros seres humanos viventes na terra, segundo a bíblia sagrada . Ao fazer suas devoções diárias à  Deus, eles não utilizavam de  uma religiosidade orientada  por credos, ritos e cerimonias. Seus atos de devoção de fé eram livres e emanavam dos seus corações. Subscrevendo assim um relacionamento de amor e dependência mediante o conhecer e um convivência  mais intima com seu criador.
Nessa posição, mesmo sendo criaturas, seu contato eram direto e permanente. Não exista mediação. Estavam lá um para o outro . Deus para Adão e Eva e eles para Deus . E, se porventura essa relação faltasse por algum instante . Deus rompia o silêncio e dizia:  Ei , Vocês ! onde estão  ?
Mostrando assim à importância de estarem em comunhão e priorizarem o relacionamento que ele deveriam ter sempre . 
No entanto Adão e Eva vacilaram e quebraram a intimidade que rotineiramente tinham com Deus e passaram a viver em busca de tudo e de coisa nenhuma para encontrar algo que lhes dessem sentido fora de Deus.E tal qual como eles os seu sucessores foram para o campo da religiosidade e erraram feio.
A parti  daí houve um grande hiato entre Deus e o homem .O homem então querendo superar essa separação,  querendo  retomar o seu lugar de comunhão e adoração com Deus. Com tempo ele criou  para si objetos de devoção,  passou a ser  ritualista e assim adotou  preceito morais e religiosos na tentativa de mediatizar o objeto da sua fé. Contudo  sem o calor da comunhão e intimidade que o primeiro casal antes de pecar gozava, perdidos apoderam da capa da religiosidade. Talvez com a mesma durabilidade das folhas de figueira que cobriram os corpos de Adão e Eva das suas nudezes .  Que na verdade apresentaram e cobertos por fora mas  desnudados por dentro . E tal qual eles, muito hoje também  tem uma temperatura proporcionada pelo sistema de crenças e que o possuem e não pela relação pessoal com o próprio Deus .
Todavia Deus sempre buscou uma convivência mais intima mais amigável de forma que o homem sentisse   potencialmente livre e amorosamente apreciado por Ele. Para ama-Lo e Servi-Lo, antes de amar e servir quaisquer  coisa ou formas que venham aparecer  em seus caminhos. Porque bem mais que uma expressão de adoração, Deus é buscar conviver e compartilhar de si mesmo como o adorador por meio de uma relação que e não de sistema . Porque isso que Ele, na pessoa do seu filho Jesus Cristo aferiu essas palavras ; Não vos chamarei de servos mais de amigos porque os servo não sabe o que fazem o seu Senhor  ( João 15:15) e isso só pode acontecer a nível de intimidade porque é profundada e intensa em amor . O que não o caso da religiosidade que muito vivem hoje na igreja e fora dela .  
                                                        :Pr Claudionor Lima\PIB em Santa Rita-Ma           


quarta-feira, 23 de março de 2016



AS MURALHAS DE JERUSALÉM DO GOVERNO E DO PT ESTÃO RUINDO: PRECISAMOS REDOBRAR A MOBILIZAÇÃO

Autor: Aldo Fronazieri 
AS MURALHAS DE JERUSALÉM DO GOVERNO E DO PT ESTÃO RUINDO: PRECISAMOS REDOBRAR A MOBILIZAÇÃO: O segundo mandado de Dilma vem se mostrando uma sucessão trágica de erros. Não foi eficiente em evitar a vitória de Cunha para a presidência da Câmara, montou um ministério medíocre, não tem um programa de governo para enfrentar a crise econômica e fiscal. Enfim, foi perdendo credibilidade. Teve várias oportunidades para enterrar o impeachment-golpe e não aproveitou nenhuma delas. Foi empurrando os acontecimentos com a barriga sem nenhuma estratégia. Mesmo com o agravamento permanente da crise não montou nenhum Estado Maior, nenhum comando e nenhum gabinete de crise. A Dilma age atabalhoadamente, falando coisas sem nexo político que só pioram a crise. Nas últimas semanas, uma sucesso de desastres políticos: escolheram um ministro da Justiça que não poderia ser ministro, o novo ministro, um tal de Aragão, assumiu falando bobagem, latindo ao invés de agir, a nomeação de Lula foi desastrosa. Sem comando e sem perspectivas, a base aliada está se desmanchando.
Lula precisa desistir de ser ministro urgentemente. Se insistir, será uma pauta negativa permanente, com protestos de rua contra ele. Ele pode ajudar na articulação política um ou 2 dias por semana em Brasília. O resto, ele precisa fazer grandes atos nas principais capitais do país, tipo quinta, sexta e sábado. A militância que luta pela democracia precisa ter direção e comando. Sobre o PT não dá nem para falar, pois a sua direção está política e moralmente falida. Vamos lutar até o fim contra o impeachment. Se não houver uma reação forte nas ruas e um comando eficiente no governo, o impeachment se consumará. Mas se o impeachment vier, não podemos sucumbir com ele. Existe muita energia jovem lutando pela democracia. Essa energia precisa ser mantida e organizada. Estamos organizando um Movimento pela Democracia que tem um grupo no Facebook como o mesmo nome.

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

A cidade de Santa Rita: A eleição do silêncio ou o silêncio da eleição ?


               

A cidade de Santa Rita: A eleição do silêncio ou o silêncio da eleição ?
Perguntas enigmáticas como essa já suscitou inúmeras respostas, povoou incontáveis mentes e já deixou muitas pessoas sem dormir. Mas, isso era coisa do passado onde se dizia: Essa nem Freud explica. Hoje em Santa Rita, a eleição , a politica é um tabuleiro de peças que não se movem. E por não moverem não há barulhos. Todos permanecem ali em silêncio, arredio, com medo de mover-se. Temem passos em falsos e por isso não se deslocam, não se identificam,  e pior ainda não  se diferenciam. Pasmam e embrutecem com seus nostálgicos silêncios, que, por sua vez, não deveras ser “o silêncio dos inocentes.” Por certo que não! Porque não há e nunca houve inocente nela.
A figura desse quadro patético e sem vida, se é que algum dia já teve, é a antítese das velhas e falsas promessas, das brigas, das algazarras, dos barulhos que, quando entorpecido pela ganância, pelo dinheiro, o poder e a vaidade. Toronaram-se mudos e surdos. Mudos, como quem incapazes de emitirem à voz do povo pobre e surdos aos gemidos e gritos que, ha tempo não muito distante, era comum e parecia ser comovente se ouvir casas de taipas e palhas nas vésperas de eleições.
Mas agora  oque se percebe é  um silêncio quase ensurdecedor. Não dizem nada. Não fazem nada. Seria esta à eleição do silêncio ? Onde os compadres fingem que se odeiam, mas lutam para ficarem juntos.  Ou, é o silêncio da eleição, para a reeleição 
O silêncio da eleição perscruta o tempo de outros tempos. Onde acertos,  arranjos, conchaves, acordos e ajustes maquiavélicos geram verdadeiros sanguessugas do poder. Mas, é na pós-eleição que o jogo já jogado acontece. Todos com os seus bilhetes premiados. Alguns com nomes de gabinetes, secretarias, infra-estrutura , saúde, assistência social e outros que como que tal como fantasma nem sabemos que existem  . Cada um com sua parte e o silencio é a parte de todos. Assim o legislar se perde no antro do silêncio do jogo da esperteza e do faz contas do meu e do seu voto.
O que permite com que esse silêncio cinzento pinte um quando de “eleições”, sem eleição. Já que o dinheiro pode manter as mesmas peças no tabuleiro, como há muitos anos vem fazendo por meio da face da moeda do silencio. Que, quando casado com a malandragem e amigados com a sem-vergonhice, aliam-se ao sionismo de “bons camaradas” e com largos sorrisos dos que não deveriam sorrir e sim chorar;  também nos pedem que silenciemos diante das suas inoperâncias e desprezo ao nosso povo 
E ai!  Você vai silenciar ?  Ou vai quebrar o nostálgico e criminoso silêncio dos mais espertos ? A eleição de 2018 está ai, e, em cidade nenhuma era pode ter outro  outro codinome a não ser respeito e amor ao nosso povo . E isso depende de você caro eleitor.   
Claudionor Lima-  Sociólogo.  


quinta-feira, 19 de novembro de 2015


A Teologia precisa de uma reflexão mais profunda. 
Sociólogo : Claudionor Lima 

Na história da igreja o dissenso sempre foi algo presente entre os seus pares. Até o próprio Jesus lidou com isso na convivência com os seus discípulos. Quando os mesmos colocavam em cheque se era certo ou não pagarem impostos à Cesar, a Roma. Não muito diferente, nos primeiros séculos, precisamente nos anos 325, no conselho de Nicéia, o dissenso lá estava presente  causando certo mal estar na vida dos féis daquela igreja.
É lógico que hoje, com a presença de inúmeras igrejas e orientações teológicas bem diferentes  umas das outras, torna-se muito difícil a construção de um eixo teologicamente comum a todos e, ao mesmo tempo, o entrosamento de uma teologia prática e que atendam os interesses  particulares e das denominações. Essa postura atravanca a construção de uma  reflexão teológica consolidada nos fundamentos da bíblia e também desarticula outros eixos que poderiam servir de orientação e motivação para uma unidade consensual da igreja no tocante a uma reflexão teológica mais elaborada. 
Nesse descompasso sobra o vazio e nesse vazio surgem incontáveis iniciativas politicas desfocadas do ideal do cristianismo; sem comprometimento e preocupação em elaborar uma teologia que, por essência seja bíblica, e que também não ofusque nem ignore o contexto histórico e social do Brasil
Portanto, é preciso que antes de qualquer coisa voltemos para a bíblia, a qual nos assegura bases claras e sólidas sobre essenciais reflexões  teológicas, e não sobre as carências  das temáticas individuais e sociais analisadas e  refletidas a partir de viés  restritivamente circunstanciais  e humanistas, que as vezes, se escondem por trás de algumas politicas excursas na exposição teológica da fé de “algumas igrejas”.          

                       

Terror, civilização e barbárie, por Aldo Fornazieri

Terror, civilização e barbárie, por Aldo Fornazieri

Por Aldo Fornazieri
1 – Líderes ocidentais, comentadores, analistas e jornalistas (nem todos, é verdade), não hesitaram em classificar os atentados terroristas de Paris como um conflito entre a civilização e a barbárie, entre o Ocidente livre e islamismo radical violento e desumano. A disjuntiva é de todo falsa e se funda na presunção arrogante ocidental que se pressupõe a civilização universal.
2 – O conceito de “civilização” se erigiu em contraposição ao conceito de “bárbaro”. No mundo grego, os bárbaros eram os não-gregos, os estrangeiros, particularmente os orientais, especificamente os persas. Mas os gregos não negavam que os povos não-gregos constituíssem civilizações, culturas e valores próprios.
3 – No contexto da República Romana entendia-se que Roma expressava a civilização mais avançada, uma síntese de todas as outras civilizações, a confluência superior de todas as outras histórias. Os outros povos não estavam impedidos de se civilizarem. Caberia aos romanos a missão de integrá-los à civilização. Mas durante o Império houve uma mudança do conceito de civilização. Ele foi assimilado aos romanos em oposição aos estrangeiros, aos “de fora”, em particular os germânicos. Criou-se uma polaridade excludente entre a “civilização e os bárbaros”. Estes deveriam ser submetidos ou exterminados. Na medida em que o cristianismo tornou-se a religião oficial do Império ele foi investido como um componente essencial da suposição da civilização universal.
4 – O projeto Iluminista moderno, assumindo a ideia de “razão” como essência singular e distintiva da qualidade de “homem civilizado”, adota a perspectiva do Império Romano para o conceito, mas define a missão de civilizar todos os povos que estariam fora da civilização, assimilada ao Ocidente. Nesta perspectiva, o historiador italiano Giambattista Vico define a barbárie como o estado primitivo e selvagem do qual o homem foi saindo processualmente para chegar a uma ordem estatal e política civilizada. Ordem que não seria uma garantia permanente já que, Vico sugere que a Idade Média seria uma espécie de retorno à barbárie.
5 – A partir do conceito romano-iluminista de civilização entende-se que ele designa as formas mais elevadas da vida de um povo, a sua arte, a sua cultura, a ciência, a tecnologia, a religião etc. Esta noção, evidentemente, está baseada na adoção de certos valores que não são, necessariamente, universais. A partir desse assentamento, o Ocidente cristão passou, cada vez mais, a autoreferir-se como “civilização universal”.
6 – Mas, com o aparecimento das obras dos historiadores Oswald Spelgler (O Declínio do Ocidente) e de Arnold J. Toynbee (Um Estudo da História), a ideia de uma civilização única, exclusiva, etnocêntrica e universal, perdeu o sentido. Eles mostraram que as civilizações não são monoculturais, mas plurais; que não são eternas, mas que nascem, se desenvolvem, alcançam o apogeu, declinam e desaparecem. Toynbee vai relacionar 21 civilizações.
7 – Samuel Hungtinton (Choque de Civilizações) define as civilizações como entidades culturais. A civilização é o mais elevado agrupamento cultural de pessoas e o nível mais amplo de identidade cultural. Define-se quer por elementos objectivos comuns, como a língua, a história, a religião, os costumes e as instituições, quer pela auto-identificação subjectiva das pessoas. Em uma mesma civilização podem coabitar várias cultuas e várias religiões. Mas, em alguns casos, como o Islamismo, a religião é a identidade cultural mais ampla e ela define a civilização islâmica.
8 – Supor que a “guerra ao terror” é uma guerra da civilização contra a barbárie é descabido, pretencioso e arrogante e se constitui em um elemento que procura legitimar a dominação e a violência do Ocidente contra outros povos. Hungtinton aponta três pontos importantes para entender o atual contexto de conflito com o terror: a) a pretensão universalista do Ocidente fomenta guerras civilizacionais e a violência e isto poderá levar a uma guerra de grandes proporções. O Papa Francisco afirma que já está em curso a III Guerra Mundial; b) o declínio relativo do Ocidente estimula processos de desocidentalização de outros povos; c) pela primeira vez na história as relações internacionais são, ao mesmo tempo, multipolares e multicivilizacionais. A paz mundial pressupõe o reconhecimento desta realidade e o diálogo intercivilizacional, enfatizando os elementos e valores comuns às civilizações. 
9 – O terrorismo não pode ser aceito, apoiado ou desculpado por perpetrar uma violência gratuita contra inocentes e por toda a sua inconsequência moral e política. Mas, como já observaram alguns intelectuais, o terrorismo precisa ser compreendido. Sartre, escrevendo a respeito, afirmou o seguinte: “Eu reconheço que a violência, sob qualquer forma que se manifeste, é um fracasso. Mas um fracasso inevitável, porque estamos num universo de violência. E, se é verdade que o recurso à violência contra a violência se arrisca a perpetuá-la, também é verdade que é o único meio de fazer com que ela cesse”. Esta última frase é polêmica, pois ela leva não só a compreender o terrorismo, mas, em determinadas circunstâncias, a apoiá-lo. Alguns intelectuais que advogam a necessidade de compreender o terrorismo, sustentam que é preciso apostar no caminho da não-violência para quebrar o círculo da violência que vem sendo uma constante na história da humanidade.
10 – Talvez, de fato, estejamos vivendo o fracasso da ideia da construção de uma civilização humana, mesmo que ela comporte a perspectiva da integração multicultural e multicivilizacional. A violência entranhada na natureza humana, o antropocentrismo destrutivo da natureza e de outras espécies, a ditadura dos desejos, o individualismo consumista, a destruição da esfera pública e da vida comunitária, o crescimento da desigualdade e a prevalência de um capitalismo inconciliável com a sustentabilidade ambiental e social são ingredientes assustadores que indicam o fracasso da ideia de homem do Iluminismo como ser racional que marcha para a civilização e, ao menos, confirma a tese de Jean-François Mattei, segundo a qual a civilização e a barbárie são as duas “máscaras adversárias e cúmplices, de uma mesma e única humanidade”. Para ele a barbárie está no sujeito mesmo, está em nós, não é um “acidente infeliz da história”. Esta perspectiva cética, porém, não nos desobriga de lutar pela contenção da barbárie e pela construção de um horizonte pacífico do convívio humano.
11 – O Ocidente cristão não tem legitimidade de reivindicar o universalismo civilizatório para si. Afinal de contas, em nome de seus valores, dizimou povos, massacrou os indígenas das Américas, criou a escravidão moderna, saqueou riquezas e obras de arte em toda parte, fez as duas guerras mundiais, gerou o horror do nazismo, contribui para manter bilhões de seres humanos na pobreza e na miséria etc. O atual terrorismo islâmico é filho direto do Ocidente, da destruição do Iraque, do incentivo à oposição radical na Síria da invasão da Líbia e do Afeganistão etc.
12 – O terrorismo islâmico tem causas históricas mais antigas. No final da I Guerra os árabes foram traídos pela França e Reino Unido, pelo acordo secreto Sykes-Picot, que estabeleu as respectivas zonas de influência e protetorados das duas potências européias no Oriente Médio, traindo a promessa da criação de um Estado árabe independente. A criação do Estado de Isarael, da forma em que se deu, com a humilhação dos árabes e o massacre de palestinos, é outra fonte geradora de violência que continuará ativa enquanto o problema não for resovildo. Jovens no mundo árabe e filhos de imigrantes na Europa vivem sem esperanças, na pobreza e sem futuro. As guerras provocadas pelo Ocidente no Oriente Médio geram ondas de desesperatos que invadem a Europa, morrem pelos caminhos e se afogam nos mares. É a globalização da indiferença, como disse o papa Francisco.
13 – A indignação e a consternação do Ocidente em face dos atentados de Paris são seletivas e hipócritas. No Iraque, em outros países orientais e na Áfica ocorrem atentados diários que vitimam milhares de pessoas. A América Latina é a região mais violenta do mundo. No Brasil mata-se, por ano, mais do que várias zonas de guerra juntas. O que se percebe é a indiferença e a falta de capacidade de indignação. Isto também evidencia que a barbárie está dentro de nós.
Aldo Fornazieri – Professor da Escola de Sociologia e Política de São Paulo

sábado, 3 de janeiro de 2015

Artigo - PROFESSOR MEDIADOR E A JUSTIÇA RESTAURATIVA NA ESCOLA . Por Claudionor Lima


PROFESSOR MEDIADOR E A JUSTIÇA RESTAURATIVA NA ESCOLA

                  

Há muito tempo a sociedade vem passando por variáveis processos contínuos de mudanças, ao passo que vem se exigindo maiores estudos e mais performances na construção de metodologias que, ao mesmo tempo, instrua e forme cidadãos preparados para a vida e para o mercado de trabalho. Como também, que analise e proporcione uma interferência modeladora em prol de uma sociedade menos conflitivas e mais igualitária para todos, sem, contudo, não anular nem descaracterizar os direitos individuais das pessoas. Essas mudanças, hoje, esperadas e exigidas pela sociedade moderna passam inegavelmente pela caracterização de um conjunto de ações educativas que contemple, reafirmem e enalteçam a convivência da justiça restaurativa nas escolas.
Pastor Claudionor Lima,  anguerense,
preside a Primeira Igreja Batista
na cidade de Santa Rita - Ma

Sem dúvida nenhuma essa é uma via propositiva que se abre para um novo pensar e um fazer escola menos centrada em expectativas de respostas prontas, em modelos dirigidos para reprodução dos mesmos e assimilação de caminho que se detenha a passados por conta de um futuro incerto, oscilante e duvidoso para muitos.

A alternativa do professor mediador, como agente facilitador da justiça restaurativa e ao mesmo tempo ouvidor e intermediador dos possíveis bloqueios interpostos entre o estudante e o saber clássico e formativo do indivíduo. Trata-se do mestre, ou orientador social que está inteiramente interessado nas problemáticas dos alunos. Não como dados de repúdio e reprovação ou índice para estatística. Mas como verdadeiras fontes para entender, compreender e munir-se de conhecimentos propícios para tratar o seu interlocutor a partir de suas vivências pessoas, sociais e ideológicas.

Partindo dessa ótica, nenhum problema deve ser visto, diagnosticado, analisado e concluído só a partir dele mesmo; ou em razão da proporção dos seus resultados. Mas sim, em consideração também suas possíveis fontes oriundas, ou influenciadoras de tais resultados. Posto que é impossível desassociar o indivíduo do seu contexto histórico-social, haja visto a sua vinculação com o passado e o presente da sua gente, que, a seu jeito, construíra sua história com ou não, certo déficit educacional. Deixando com isso uma lacuna para muitos dos seus progenitores, que, quando desassistidos e desestimulados; alguns terminam respondendo negativamente a proposta pedagógica de sala de aula em razão de não conseguir encontrar a conexão entre seu universo particular e os desafios dos estudos modelados para poucos.

O que lhe a aferirá, até certa forma, presumíveis desvios e desajustes  comportamentais que geram relativos problemas de ordens de indisciplina, violência, evasão escola, reprovação, desatenção.  Não obstante, dentro de uma margem possível de correção e redirecionamento educacional individualizado.

Em virtude de amenizar essas distorções prejudiciais, é que o professor-mediador, se coloca como uma segura chave para a interligação entre os desajustes comportamentais e a solidez do conhecimento. Portanto, é extremamente importante que professor mediador, além de saber ouvir o aluno e seus mundos; esse possa oportunizar ao estudante o direito de se autoanalisar enquanto cidadão fora e dentro do seu espaço estudantil, por meio de continuo diálogo. De maneira que o aluno se veja e se construa, nesse processo, como alguém altamente capaz de contribuir para si e para os outros, um ambiente de paz; assegurados pelo amor e o respeito aos valores e princípios éticos, morrais e familiares, calcados na cidadania solidária de todos para todos
Pastor Claudionor Lima

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Maquiavel, o Ministério de Dilma e o exemplo de Lincoln, por Aldo Fornazieri


Maquiavel, o Ministério de Dilma e o exemplo de Lincoln, por Aldo Fornazieri




DILMA E O MINISTÉRIO
Já se sabia durante a campanha eleitoral, fosse quem fosse o vencedor, que o ano de 2015 não será fácil para o Brasil e para o governo. Será necessário fazer um ajuste fiscal num contexto de baixo crescimento. O ajuste é  importante para recuperar a confiança do governo. Tendo em vista que a margem do governo é limitada, pois existem recursos orçamentários comprometidos constitucionalmente e legalmente, o problema todo é que haverá conflitos e tensões para definir quem pagará a conta. O governo precisará encontrar um caminho e um equilíbrio difíceis para o ajuste que preservem as conquistas sociais e ao mesmo tempo estabeleçam condições de retomada do crescimento. Quanto mais suave e quanto mais se prolongar no tempo o ajuste, mais o governo Dilma tenderá a caminhar para 2018 com poucas realizações. Outra conseqüência é que terá mais dificuldade de recuperar a confiança, necessária para a retomada dos investimentos produtivos e do crescimento.
A recuperação da confiança passa também pela repactuação das políticas públicas com os diversos setores econômicos e sociais e pelo estabelecimento do diálogo democrático com a sociedade, algo que não existiu no primeiro mandato. E aqui entra o problema dos operadores do governo – os ministros – pois eles deveriam desempenhar um papel fundamental na repactuação e no exercício do diálogo democrático. O ministério do primeiro mandado de Dilma, com raras exceções, caracterizou-se pela fraqueza e pela ausência. Muitos ministros simplesmente passaram desapercebidos. Comenta-se que o estilo centralizador da presidente não lhes permitia autonomia. O trato inadequado de Dilma para com seus ministros fez com que a relação fosse muito mais de temor do que de criatividade política e de espírito de iniciativa, funções que nascem da confiança e da autonomia. Os ministros deveriam esclarecer o porquê aceitaram essa relação de sujeição quase absoluta.
Se Dilma pretende recuperar a confiança do governo com mais celeridade, o ministério do segundo mandato terá que ser fundamentalmente outro, tanto em termos dos nomes que deverão compô-lo, quanto em termos da relação da presidente com seus ministros. A rigor, não existe um paradigma que sirva de baliza universal acerca de como um chefe de governo deve compor seu ministério. Mas existem alguns ensinamentos da filosofia política e alguns exemplos históricos que podem servir de parâmetro e bússola para os governantes acerca das escolhas dos auxiliares.
Um dos ensinamentos da filosofia política e da observação histórica indica que governantes fracos, inseguros ou autocratas, normalmente compõem ministérios subservientes e igualmente fracos. Governantes fracos geralmente se cercam de aduladores. Os aduladores, por serem fracos e subservientes, sempre escondem a realidade das situações ao governante, com o objetivo de não contrariá-lo e de obter a sua graça. Sabe-se também que não há como um país ser forte e desenvolver-se com governos fracos.
As indicações de Maquiavel e o exemplo de Lincoln
Maquiavel oferece algumas indicações acerca de como o governante deve proceder em relação aos seus ministros. Afirma que “a sensatez de um príncipe define se os ministros que ele escolhe para si serão bons ou maus”. Ele chega a cortejar, com outras palavras, o dito antigo que afirmava: “dize-me com quem andas e eu te direi quem és”. Recomenda recrutar auxiliares eficientes, sábios e fiéis. Se o governante é prudente, sempre se aconselhará quando julgar necessário. Com a qualidade dos auxiliares e por ser prudente, o governante ganhará reputação e confiança. O valor do governante é dimensionado também pela reputação de seus ministros.
Maquiavel acrescenta que, e isto vale também para os governantes, há três tipos de cérebro: “o   que entende as coisas por si mesmo; o que somente entende as coisas através do que os outros entendem; e o que não entende nem por si mesmo nem através dos outros. O primeiro tipo é excelentíssimo; o segundo, excelente; e o terceiro, inútil”. Segundo ele, na relação entre o governante e o ministro, o primeiro deve observar se o segundo pensa mais em si próprio do que no governante. O dever do ministro é o pensar e agir sempre em função dos objetivos do governo e do Estado. Assim, se o ministro é honesto, eficiente e fiel, o governante deve honrá-lo, reconhecendo seu trabalho e dando-lhes novas atribuições. As honrarias e o reconhecimento, no entanto, não podem despertar as ambições pessoais do ministro. Isto permitirá que se estabeleça uma relação de confiança e de autonomia entre o governante e seu auxiliar.
Um exemplo histórico que pode ser evocado para discutir o assunto é o de Abraham Lincoln. Antes de se eleger presidente, a carreira política de Lincoln era apagada e de poucos sucessos. Eleito presidente, ele surpreendeu a todos ao nomear como secretário de Estado, secretário do Tesouro e secretário da Justiça, respectivamente William H. Seward, Salmon P. Chase e Edward Bates. Os três, que eram políticos com grande reputação e prestígio, haviam concorrido justamente contra Lincoln na indicação da candidatura do Partido Republicano. Os outros secretários também foram escolhidos entre nomes reputados e experientes. Doris K. Goodwin afirma, no livro Lincoln, que todos os secretários eram mais conhecidos, tinham mais instrução e eram mais experientes na vida pública do que ele. Ao proceder assim, Lincoln deu prova de autoconfiança e emergiu como um chefe, um verdadeiro líder político, dotado de coragem e apto a conquistar a grandeza no enfrentamento das adversidades e vicissitudes que estavam por vir.
Dilma precisa decidir como pretende ser vista e que lugar quer ocupar na história do Brasil. No primeiro mandato, ficou devendo. Ganhou a chance de redimir-se, mas para isto ela precisa mudar na sua forma de agir e precisa mudar muita coisa em seu governo. Poderá começar essa mudança nomeando um ministério forte, com pessoas honestas, eficientes e experientes e estabelecer um novo tipo de relação com elas. É certo que há a dificuldade da composição com os partidos. Mas também aqui poderia inovar, estabelecendo critérios racionais, legítimos e aceitáveis. Cada partido da coalizão deveria ter um peso proporcional e aproximado no governo ao peso alcançado nas urnas. Dilma precisa, necessariamente, negociar e ouvir os partidos. Mas a responsabilidade última pela nomeação dos ministros é  ou deveria ser dela.
Aldo Fornazieri – Cientista Político e Professor da Escola de Sociologia e Política.